Estação Primeira de Mangueira

Considerada a escola de samba do Rio de Janeiro mais popular, a Estação Primeira de Mangueira foi fundada em 28 de abril de 1928 pelos sambistas Cartola, Zé Espinguela, Saturnino Gonçalves, Marcelino José Claudino, Pedro Caim, Abelardo da Bolinha e Euclides Roberto dos Santos. Tendo origem no Morro da Mangueira, situado na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro.

A Mangueira foi uma das grandes responsáveis pela difusão do samba, e o fato de ter vencido os três primeiros concursos oficiais contribuiu para que ficasse mundialmente conhecida e conquistasse a cada dia mais seguidores.

Nome, Cores, Símbolo

O nome da escola foi definido por ser a Estação Mangueira, a primeira no caminho entre a Central do Brasil e o subúrbio carioca, onde se concentrava o samba da época. Tendo como cores o verde e o rosa.

Nos primeiros anos a Mangueira não tinha um símbolo definido. Todo ano era escolhido e pregado um novo símbolo na bandeira da agremiação. Já foram escolhidos como símbolos: um violão, o famoso pandeiro, o tamborim, e até mesmo uma águia. Apenas na década de 1960, na gestão de Roberto Paulino foi escolhido o símbolo definitivo, um tambor surdo, encimado por uma coroa, e com ramos de louro em volta. O tambor representa a idealização do samba; a coroa representa a Mangueira como a “rainha do samba”; e os louros indicam as vitórias da agremiação.

A Mangueira foi a escola responsável por criar a ala de compositores e a primeira a manter, desde a sua fundação, uma única marcação do surdo de primeira na sua bateria.

Sambas enredo de sucesso

A Estação Primeira de Mangueira detém 18 títulos, sendo 1 Super-Campeonato, exclusivo, oferecido no ano de 1984, na inauguração do Sambódromo.

A história mostra que a exuberante Mangueira está sempre inovando e trazendo emoções aos corações carnavalescos, dentre os muitos sambas-enredo marcantes dessa lendária Escola, podemos citar os de 1994, 2019, que concedeu o título de campeã a Mangueira e o de 2020.

O mundo presenciou diversos sambas-enredo marcantes, um dos mais famosos da história do samba foi o de 1994, “Atrás da Verde e Rosa só não vai quem já morreu”. Esse enredo ficou tão famoso que pode se dizer que é impossível um brasileiro ou amante de samba que nunca tenha ouvido. Apesar do brilhantismo nesse ano, a escola ficou em 12º lugar. O samba-enredo escolhido neste ano é considerado por parte da crítica como um dos mais contagiantes de todos os desfiles carnavalescos. Tendo homenageado ilustres nomes da cultura brasileira, como Gal Costa, Caetano Veloso, Maria Bethânia, dentre outros.

Em 2019 como mencionado, a Mangueira foi campeã do Carnaval carioca, com o enredo “História para ninar gente grande”, apresentado pelo carnavalesco Leandro Vieira, enaltecendo personagens icônicos que fazem parte da História do Brasil e são pouco lembrados nos livros de história. Citando nomes como: Leci Brandão, Jamelão, Dandara, Sepé Tiaraju, José Piolho, Tereza de Benguela, dentre outros.

A vencedora do Carnaval do Rio de 2019, em 2020 seguiu a trajetória de quebrar tabus e revolucionar o samba, ao apresentar em seu enredo a história de luta de Cristo contra o estado opressor. Com “A verdade vos fará livre”, o carnavalesco Leandro Vieira aborda a volta de Jesus Cristo à Terra, apresentando a identificação deste com os mais pobres, como os moradores de comunidades, que sofrem com todo tipo de preconceito, principalmente o religioso, o racial e com a intolerância.

Conheça alguns dos ídolos da Mangueira

Assim como sambas-enredo e apresentações marcantes a Mangueira possui nomes famosos que contribuíram imensamente para o seu sucesso. Devendo ser homenageados por sua história, como:

Angenor de Oliveira, também conhecido como Cartola, menino de origem humilde que nasceu no Rio de Janeiro e sempre teve o Carnaval como referência de música e de alegria, sendo um dos fundadores da Mangueira e expoente músico e compositor da Música Popular Brasileira.

O peculiar apelido deriva exatamente de sua origem simples, Cartola trabalhava como guardador de carros, pedreiro e pintor de parede. Por causa do ofício, usava um chapéu-coco para evitar os respingos de tinta e proteger-se do sol, o que acabou lhe rendendo o apelido de Cartola.

O reconhecimento da grandiosidade de sua obra veio na década de 1970, e o primeiro disco gravado em 1974. Cartola morreu em novembro de 1980, mas sua obra e história permanecem gravadas na eternidade. Tendo composto clássicos como “As Rosas não falam”, “O Mundo é um Moinho” e “Alvorada”.

Nelson Mattos, mais conhecido como Nelson Sargento, assim chamado em razão de sua passagem pelo Exército, começou no samba no Morro do Salgueiro, onde morava.  Passando a morar com a mãe aos 12 anos no Morro da Mangueira, onde também começou a compor.

Grande nome do samba, na juventude integrou o conjunto A Voz do Morro, do qual faziam parte Paulinho da Viola, Zé Kéti, Elton Medeiros e Jair do Cavaquinho. Compôs inúmeras obras com Cartola, Carlos Cachaça e Darcy da Mangueira, e clássicos como “Agoniza, mas não morre” e “Falso amor sincero”.

Em sua gigantesca participação pelo samba, atuou intensamente na Mangueira e é considerado presidente de honra da escola. Falecendo em 2021 por complicações de Covid.

José Bispo Clementino dos Santos, também chamado de Jamelão, conhecido pelo seu incrível vozeirão que entoou os sambas de Mangueira nos desfiles da escola de samba por mais de 50 anos, era também renomado cantor e compositor.

Iniciou sua carreira na Mangueira no ano de 1930, mas só veio a atuar como intérprete em 1949. Ainda no ano de 1940, começa a cantar em gafieiras, fazendo parte também da Orquestra Tabajara. Em 1949, gravou seu primeiro disco, possuindo grandes sucessos, dentre os mais famosos se encontram a música “Leviana”, “Exaltação à Mangueira” e “O Grande Deus”.

Em 1999, ele foi eleito o intérprete do século do Carnaval carioca pelo jornal Folha de S. Paulo.

Posteriormente, anos 2000, torna-se também presidente de honra da Mangueira e segue como intérprete da agremiação até 2006, quando começa a ter problemas de saúde, Jamelão morre em 2008 no Rio de Janeiro.

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