Acadêmicos do Salgueiro

O Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro é uma das mais imponentes e tradicionais agremiações da cidade carioca. Originária como o próprio nome indica, do Morro do Salgueiro. Foi fundada em 5 de março de 1953, surgiu da fusão de duas tradicionais escolas de samba do Morro do Salgueiro, a Depois Eu Digo e a Azul e Branco. Com a intenção de competirem com as grandes escolas, a Unidos do Salgueiro, terceira escola existente naquela localidade não concordou com a união, ficando de fora. Mais tarde, a Unidos do Salgueiro desapareceu, vindo os seus participantes a fazer parte do Salgueiro.

A Acadêmicos do Salgueiro desfilou pela primeira vez no ano de 1954, conquistando o terceiro lugar. A escola foi a grande responsável por renovar a estrutura do carnaval carioca convidando artistas de formação acadêmica, para confeccionar seus desfiles, sendo também uma das maiores responsáveis pela mudança no gênero dos sambas-enredo.  Na época, os sambas eram escritos de forma extensa, com letras rebuscadas e melodia cadenciada, a escola inovou apostando em sambas curtos, de letras fáceis e refrões fortes, de forma a ficarem gravados no subconsciente popular.

Nome, Cores, símbolos, bandeira

O nome da Escola surgiu após intensa votação entre os fundadores, sendo Acadêmicos do Salgueiro o nome mais votado.

A Acadêmicos do Salgueiro possui como cores emblema o vermelho e o branco, escolhidas por Francisco Assis Coelho. Tem como justificativa a escolha o fato de que, na época, não existia escola de samba com essa combinação de cores.

O Salgueiro tem como símbolos instrumentos de percussão, sendo eles: o pandeiro, o surdo de barrica, o tamborim quadrado e o afoxé de cabaça com fitas. Todos instrumentos característicos da época de criação da escola, 1950.

A bandeira da Acadêmicos do Salgueiro foi idealizada e criada em 1956, por Pedro Ceciliano. Antes da definição, os pavilhões mudavam todos os anos, seguindo o enredo criado pela escola. Hoje, a bandeira oficial consiste em um retângulo formada por 16 raios, dispostos em cores intercaladas , sendo 8 vermelhos e 8 brancos. O escudo da escola é formado por um círculo vermelho, onde aparecem os símbolos da escola. Os instrumentos são circundados pela inscrição do nome da escola em letras brancas, maiúsculas, da esquerda para a direita, começando na parte central e inferior do círculo.

Sambas enredo

Há muito o que se falar e relembrar da gigante do morro do Salgueiro, desde sua criação em 1953, a Escola vem inovando e surpreendendo a todos, sendo responsável pelos maiores sambas-enredo do Carnaval do Rio de Janeiro e pelos mais deslumbrantes desfiles. Possuindo um total de nove títulos de campeã do Grupo Especial do carnaval carioca

O que dizer do Carnaval de 1960, onde a escola conquistou o seu primeiro campeonato, com o enredo “Quilombo dos Palmares”. Seguindo um padrão extremamente alto, nos próximos anos a escola também encantou com a escolha dos enredos, homenageando grandes nomes brasileiros, como Zumbi dos Palmares em 1960, Xica da Silva em 1963, sendo a primeira agremiação a elaborar um samba enredo centrado em uma figura feminina, nos anos seguintes a escola continuou escolhendo grandes nomes brasileiros para homenagear, como Chico Rei em 1964 e Dona Beija em 1968.

Em 1972, seguindo o ritmo das inovações a escola apresenta o enredo Minha madrinha Mangueira Querida, com um samba que contagiou toda a cidade, esse momento foi histórico e emocionante, nunca antes uma escola de samba havia homenageado uma escola irmã.

Ainda, em 1993 a Escola protagonizou um dos desfiles mais marcantes com o enredo “Peguei um Ita no Norte” contando a história de diversos nordestinos que saem de suas casas para tentar a sorte no Sul do país. O enredo emocionou a todos por ser cheio de simbolismos e homenagens ao povo nordestino. A escola levou o título de campeã naquele ano. Muitos críticos dizem que a Salgueiro fez explodir a Sapucaí e que um desfile tão emocionante não será visto tão cedo em outros carnavais, ficando gravado no emocional de todos que assistiram.

Em 2003, ano em que a Escola completava 50 anos, o desfile relembrou a história da Escola, o samba-enredo caiu no gosto popular, sendo cantado por todo o público.

Personalidades Marcantes

Alguns dos mais importantes nomes da história carnavalesca carioca começaram e seguiram carreira na Acadêmicos do Salgueiro. Podemos aqui, citar alguns deles:

Joãosinho Trinta famoso carnavalesco, começou na Acadêmicos do Salgueiro, na função de auxiliar de Fernando Pamplona. Na escola, foi campeão nos anos de 1974 e 1975. Sendo o grande responsável por introduzir o luxo nas fantasias da escola, criando enredos fictícios e marcando a história do carnaval ao ser o primeiro a colocar pessoas em cima dos carros alegóricos, no carnaval do ano de 1973.


Fernando Pamplona, um dos nomes mais lendários do Salgueiro, responsável por conquistar quatro títulos e ser vice de três vezes na Escola. Pamplona trabalhou por grande tempo na rede Rede Manchete, onde era comentarista dos desfiles carnavalescos.

Sendo homenageado em 1986 pelo Acadêmicos do Salgueiro, com o enredo “Tem que se tirar da cabeça aquilo que não se tem no bolso”

Vindo a falecer na manhã do dia 29 de setembro de 2013, em sua casa no bairro de Copacabana, vítima de um câncer. Mas o seu legado jamais poderá ser apagado. Em 2015, recebeu uma homenagem póstuma da escola de samba São Clemente, que apresentou na Sapucaí um desfile inspirado em sua vida e obra, exaltando sua grande contribuição para o carnaval brasileiro “A incrível história do homem que só tinha medo da Matinta Pereira, da Tocandira e da Onça Pé de Boi”.

Renato Rui de Souza Lage, mais conhecido como Renato Lage, também fez história na Escola do Salgueiro, atuando como auxiliar de barracão e chefe de alegorias, do então carnavalesco Fernando Pamplona. Na década de 2000 os carnavais do Salgueiro foram feitos por Lage, chegando a vice campeão em 2008 com enredo falando sobre a Cidade do Rio de Janeiro e o título de campeã em 2009, quebrando um jejum que já durava 16 anos.

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