Principais samba enredos da história do Carnaval do Rio de Janeiro

Pode-se dizer que as escolas de samba como conhecemos hoje surgiram na década de 1920. Já os desfiles das escolas foram criados oficialmente, a partir de 1932. De lá para cá, a cada ano aumenta mais a ansiedade para ver as escolas passarem, com seus deslumbrantes desfiles. Nesses anos de desfile, inegável dizer que alguns sambas-enredo marcaram o subconsciente da população, ficando registrados em sua memória e em seus corações Dentre os muitos sambas-enredos entoados no decorrer dos anos, podemos destacar:

  • 1º Lugar – “Xica da Silva” em 1963 – Samba-enredo da Acadêmicos do Salgueiro, composto por Anescarzinho e Noel Rosa de Oliveira, narrou a vida e história da ex-escrava que teria se juntado ao responsável por explorar os diamantes de Arraial do Tijuco, João Fernandes de Oliveira.

    O desfile foi responsável por revolucionar as apresentações do Rio de Janeiro, marcando a teatralidade, a encenação e a narração do carnaval. Além disso, o desfile levado pelo Salgueiro em 1963 foi o primeiro em que foi elaborado um enredo centrado em uma figura feminina.
  • 2º Lugar – “Aquarela Brasileira” em 1964 – Samba-enredo da Escola Império Serrano, composto por Silas de Oliveira. Sendo considerado um dos mais tradicionais enredos do samba, foi reeditado e novamente apresentando na Sapucaí em 2004.

    Até hoje não foi visto em nenhum desfile homenagem mais bela ao Brasil e ao clássico da Música Popular Brasileira, Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, exaltando o país, abordando as diversidades e belezas das regiões geográficas, da arquitetura tradicional contrapondo-se a moderna, as lendas e costumes das diferentes culturas dos povos que compõem a nação.
  • 3º Lugar – “É hoje” em 1982 – Samba-enredo da Agremiação, criado por Didi e Mestrinho. É considerado o mais popular e difundido samba da história Carnavalesca.

    O enredo da União da Ilha do Governador em 1982 retratava o dia a dia de um sambista durante o Carnaval, as alegrias, expectativas, os sonhos dos carnavalescos. A inspiração da escola partiu do livro “É Hoje!” de Haroldo Costa e de Lan, ilustrador. Hino esse que ainda hoje está gravado no subconsciente de todos sendo passado de geração em geração.
  • 4º Lugar – “Kizomba, a Festa de uma Raça” em 1988 – Samba-enredo da Escola de samba Unidos de Vila Isabel, composto por Rodolpho, Jonas e Luiz Carlos da Vila. O enredo girava em torno de kizomba, palavra do idioma kimbundo, de Angola, que significa uma confraternização da raça negra.

    Nesse ano, a escola desfilou com poucos recursos financeiros, a comissão de carnaval teve que optar por materiais baratos, como palha, sisal e tecidos com estampas de inspiração africana, mas nem por isso o desfile foi menos brilhante, o samba e o significado aplicado ao enredo empolgaram a todos. Belíssimo enredo que homenageou a influência dos negros na cultura e religiões do Brasil, unindo expressão tão bela e significante “Kizomba” a maior festa popular brasileira.
  • 5º Lugar – “Liberdade, Liberdade, Abre as Asas sobre Nós” em 1989 – Samba-enredo da Escola Imperatriz Leopoldinense, composto por Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Vicentinho e Jurandir. Esse hino do samba foi o responsável por dar à Imperatriz Leopoldinense o título de Campeã do Carnaval de 1989, o samba-enredo “Liberdade, Liberdade, Abre as Asas sobre Nós” é um marco da canção popular brasileira.

    Com seu caráter revolucionário, representou e ainda representa os mais diversos momentos em que precisamos escapar a repressão e abraçar a liberdade. Ainda hoje, este samba visto como um dos mais emocionantes e empolgantes da memória carnavalesca.
  • 6º Lugar – “Explode Coração” em 1993 – Samba-enredo da Escola Acadêmicos do Salgueiro de composição de Arizão, Bala, Celso Trindade, Dema Chagas, Guaracy e Quinho. Samba que emocionou a todos com a apresentação “Peguei um Ita no Norte” abordando a trajetória de viagem dos nordestinos ao Sul do país, os percalços, as dores, os sonhos destes, ao buscar uma vida e uma realidade diferente.

    O enredo emocionou a todos por seus simbolismos e homenagens ao povo nordestino. Neste ano a agremiação chegou ao posto de campeã. Muitos críticos dizem que a Salgueiro fez explodir a Sapucaí e que um desfile tão emocionante não será visto tão cedo em outros carnavais, ficando gravado no emocional de todos que assistiram.
  • 7º Lugar – “Atrás da Verde e Rosa só não vai quem já morreu” em 1994 – Samba-enredo da Estação Primeira de Mangueira, composto por Bira do Ponto e David Correa. É visto pelos críticos e amantes do carnaval como um dos desfiles mais eletrizantes e bonitos da história da escola.

    O belíssimo enredo, que possuía o refrão “me leva que eu vou, sonho meu, atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu”, falava dos chamados “doces bárbaros”, as personalidades irreverentes da música popular brasileira de Caetano Veloso , Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa.
  • 8º Lugar – “Noel: a presença do poeta da Vila” em 2010 – Samba-enredo da Unidos de Vila Isabel, composto por Martinho da Vila. Que veio a prestar homenagens a Noel, grande nome do carnaval brasileiro que veio a falecer anos antes em 1937, aos 26 anos de idade.O enredo traz as alegrias, os gostos, a vida do sambista, grande cantor da música popular brasileira.
  • 9ª Lugar – “ImagináRIO, 450 Janeiros de Uma Cidade Surreal” em 2015 – Samba-enredo da Escola Portela, composto por Celso Lopes, Charlles André, Noca da Portela, Vinicius Ferreira e Xandy Azevedo.

    No ano em que a Cidade do Rio de Janeiro completava 450 anos de sua fundação, a Portela desfilou prestigiando esse momento e inspirado nas formas surrealistas de Salvador Dalí, emocionando a todos os presentes, o desfile foi aberto com quatro paraquedistas, com o nome da escola estampado em seus paraquedas, sobrevoando o sambódromo e pousando no meio da pista.
  • 10º Lugar – “Canta, Canta, Minha Gente! A Vila é de Martinho” em 2022 – Samba-enredo da Unidos de Vila Isabel, composto por Evandro Bocão, André Diniz, Dudu nobre, Professor Wladimir, Wanderson Pinguim, Marcelo Valença, Leno Dias e Mauro Speranza.

    Nesse ano, a escola emocionou toda Sapucaí. Trazendo uma bela homenagem ao grande Martinho da Vila, nome intrinsecamente ligado a história da escola e ao mundo carnavalesco.
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